
“É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre”
A todos os que aqui continuam a passar, um óptimo 2010! Tchin-tchin!
vários são os sons do primeiro dia. a água que corre. a colher que bate na chávena. um leve miar do gato. o ruído indistinto de quem ainda se entrega ao sono. vindo de muito perto, o violoncelo. gemido dolente. um apelo. um grito que sobe na escala da angústia. até à queda na nota grave. o inaudível som do violoncelo amanhece dentro de mim. no início do primeiro dia.
depois veio a chuva. nesse dia a ternura era palpável na humidade da brisa. vertigem diluída na hesitação do ar perdido em mornos arrepios. como em todos os dias assim, acolheu a água que lhe escorria nos braços. riu-se da leveza dos pés molhados nas sandálias. e não pensou. entregou-se ao murmúrio dos sentidos. sons. cores. aromas. a terra molhada. o chamamento. simplesmente não pensou. dissera-lhe o tempo, muitos dias antes daquele, que a razão corrompe momentos perfeitos.
Estou cansada, mesmo. Do trabalho, da politiquice (nem é política, na verdade), da crise, da gripe. Então deixem que vos ofereça algo que se passou na linda Centraal Station de Antuérpia, mas que gostava de ver em espaços públicos de Portugal. Tragam a alegria e a esperança para a rua... estamos todos a precisar!
Obrigada, Maria Dias. Este prémio é para todos os que aqui passam.