quarta-feira, dezembro 30, 2009

Tchin-tchin!

É bom de ver que nisto de champanhe ou, a bem dizer, espumante, e dos votos que com ele se fazem, “albarda-se” a bebida ao jeito de quem bebe. É por isso que, à meia noite do último dia do ano, terei na mão uma taça (qual “flute” qual quê…) de Murganheira (passe a publicidade) meio seco, já que os meus votos são bem nacionais e oscilam entre a doçura e o sabor seco das incertezas de todos os dias de amanhã. Talvez esse seja o líquido com o sabor dos dias que aí vêm e, dos quais, sabemos só que é improvável que sejam muito melhores que os que passaram. Mas, quando o fio de doçura se sente nos lábios, acolhemos em nós o círculo dos afectos, aqueles a quem desejamos um 2010 melhor que qualquer outro ano. E, como de costume, brindaremos com a esperança renovada dentro de nós porque, já lá diz Drummond de Andrade

“É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre”



A todos os que aqui continuam a passar, um óptimo 2010! Tchin-tchin!

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Natal

Ah, o Natal! Aquele tempo de luzes e brilhos, de calor dentro das casas, de famílias reunidas. A noite do amor universal. Da fartura sobre as mesas, de prendas oferecidas com amor. Ah, esse Natal idílico, sonhado... E o Natal dos crentes. Do menino que veio para nos salvar. Que nasceu na pobreza, sem maiores luzes que a tal estrela que dizem ter aparecido, sem maior calor que o de uma vaca e de um burro. Sim, depois aparecem os reis magos e as coisas começam a brilhar… Ah, o Natal dos que perdemos e que naquela noite estavam tão próximos! Dos que estão sós, tão sós que nem se querem lembrar que é Natal. Dos que têm fome e frio e nem um abrigo. Dos que morrem nessa noite, nesse dia, e todas as noites e todos os dias nas guerras deste mundo. Ah, o Natal de todos nós!

Feliz Natal para todos os que por aqui passam!

sábado, dezembro 05, 2009

conversa

tenho este hábito de iniciar conversas como se da minha janela de chuva avistasse algum olhar cúmplice que me desse de volta as palavras perdidas algures entre horas de sufoco e outras de tédio que assim é feita a vida digo isto como se não soubesses mas a minha voz não serve para trazer nenhuma novidade são só pensamentos que correm em fio como a chuva de sentimentos molhados que se entranha na pele nos músculos até rasgar depois deixamos que tudo seque que tudo sare e olhamos de novo o sol aprendemos talvez tudo isto lentamente não somos feitos de massa moldável e só depois de algum tempo percebemos a vantagem de dobrar e não partir será a isso que chamamos sobrevivência se alguém soubesse seria senhor dos mistérios da vida sou mais de ciências exactas e gosto de explicar os mistérios sem domar os pensamentos só porque há coisas que não se explicam ainda existe em mim alguma rebeldia depois de tanto tempo talvez seja isso que me chama para lá da janela de chuva para lá da protecção claustrofóbica do vidro à conversa sem fim adivinhando olhares cúmplices.