domingo, novembro 15, 2009

outono


by Karel Sobota

já não escreves, disseste, como se o correr lúdico dos dedos à procura das palavras fosse mais uma cumplicidade ou só uma conta do colar de sentimentos que se vai acrescentando, tenho que dar voltas infindas no colar, deixá-lo fluido em volta do teu/meu pescoço, lassos laços estes das doces empatias, dos risos e da ternura, qual rio da nascente de um olhar para a foz do outro, será então assim e eu escrevo até que as palavras dancem na chuva e o vento as leve ao destino que não sei se têm, porque pairamos aqui neste outono onde o frio já se sente, são esses os arrepios dos meus dias de sol, melancolia inevitável em movimento sinusoidal, hoje as ondas fizeram a curva descendente, junto uma conta ao colar dos afectos e escrevo.