quinta-feira, julho 28, 2011

O ombro da noite




by Artur Gusakov


Encosto a cabeça no ombro da noite
Exposta ao consolo cálido da brisa
Ficaram colados na tarde escaldante
Os cantos estridentes das cigarras
Por dentro da paz azul do crepúsculo
Observo a luta da harmonia perfeita
Com o espelho convexo da realidade

domingo, julho 17, 2011

quando a noite

quando a noite alastra pelos montes
largo a alma nas fragas sobre o rio
bebo nas pedras as gotas que restam
da última tempestade

e devagar regresso aos campos rasos
onde nem o vento agita a terra
e a perene imobilidade do ar
é bálsamo inquieto

resta a dúvida do que me preenche
a noite, o rio e o cheiro da tempestade
ou a doce melancolia onde o vento se aquieta

sábado, julho 02, 2011

a sombra


vejo-me na sombra das varandas
que se esconde do sol do fim de tarde
a sombra regular na parede verde
iludindo o avançar do crepúsculo
que breve se funde no negro da noite
vejo-me no declinar das horas de luz
no lado de lá de um perverso espelho
onde olho os meandros de mim
ali na sombra sobre a parede verde.