quarta-feira, dezembro 31, 2008

BOM ANO!




Bom Ano Novo para todos os que aqui passam!

sábado, dezembro 27, 2008

Cessaram os cânticos




Este é o tempo branco
Em que se calam os cânticos
Há uma doçura no horizonte
Em que a espera se arrasta

É um espaço, um salto
Um saber de distância calada
Sem um som um murmúrio
Que rasgue os muros verticais

Parados no limbo do tempo
Abrem-se os caminhos do silêncio
Entre alamedas de risos coloridos
Por onde ecoa o sentido das horas
                  que a luz do sol é lá fora.

domingo, dezembro 14, 2008

Devia escrever sobre o Natal...




Fogem-me as palavras nestes dias de sentimentos ambivalentes. Devia escrever sobre o Natal, as Festas, este espírito obrigatório de bondade e solidariedade. E as palavras rebelam-se. Não sei falar de fantasmas dos Natais passados nem prever os dos Natais futuros. Nem sei bem dizer porque, no meio das luzes e do calor das reuniões de entes queridos, me doem todas as solidões do mundo. Somos mais frágeis nesta época? Mais sensíveis ao que contradiz o clima de paz e amor da quadra? Fogem-me as palavras, sim. Foge-me a memória para todos os que deviam estar na minha vida e (já) não estão. Vagueia o pensamento por quem, passe o lugar comum, não tem Natal. De que serve a solidariedade com data marcada? Como diz António Gedeão:

"É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria."


É essa a hipocrisia da data. Não sendo católica, falha-me o seu sentido religioso. E o profano enferma de todas as contradições inegáveis.
Podemos ser felizes no Natal? Devemos. Como nos outros dias, a nossa vocação deverá ser a da felicidade, ou a das pequenas felicidades que a constroem. Mas isso já é toda uma outra história…


[Feliz Natal a todos os que por aqui passam. Volto lá para o fim do mês.]

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Penélope




a espera marca o bater das horas
em que teço o manto com que me tapo
e destapo
faço e desfaço enlaces
de fios que se tocam, entrelaçam
e deslaçam
sem que o coração alcance o barco
longe do porto
leio nos laços que deslizam nos dedos
a incerta certeza de te reconhecer
se os teus passos se firmarem na terra
chão expectante do meu corpo

domingo, dezembro 07, 2008

onde se esconde o sol?



há vultos molhados de melancolia
no recorte brilhante das luzes
de pretenso calor
o fim do dia baixa a cortina
no horizonte da cidade
tudo se questiona nesta hora
de claros desencontros
e esperas sem esperança
por certo a luz virá num dia novo
mas quem sabe onde se esconde o sol?

quarta-feira, dezembro 03, 2008

de.gelo


by K.I.M.R.Y


fechei os olhos para ver
a cor dos sons que pairam
sobre a pele fria
do corpo.
há neles um incêndio inquieto
chama hesitante
onde as mãos degelam
a capa branca
da solidão.