quarta-feira, abril 29, 2009

Estamos mesmo a precisar...



Estou cansada, mesmo. Do trabalho, da politiquice (nem é política, na verdade), da crise, da gripe. Então deixem que vos ofereça algo que se passou na linda Centraal Station de Antuérpia, mas que gostava de ver em espaços públicos de Portugal. Tragam a alegria e a esperança para a rua... estamos todos a precisar!

quinta-feira, abril 23, 2009

Densidade




Falemos então de densidade. Segundo o dicionário:

1. Qualidade de denso; espessura.
2. Relação entre a massa ou o peso de um corpo com o seu volume ou com a massa ou peso de outro corpo do mesmo volume.
3. Fotogr. Grau de opacidade de uma imagem em papel ou filme.


Talvez fossem demasiado densas, a ansiedade inicial e a alegria que se seguiu. Talvez nada pudesse medir a espessura daquele vermelho infinito. Vermelho de esperança, de afirmação, de certezas improváveis.
Talvez os corpos se sentissem leves, como se a densidade tivesse baixado subitamente. E pudessem dançar, soltar-se de amarras longas…
Talvez até o grau de opacidade das imagens que restaram só realçasse os cravos na manhã de cinza.

Talvez… tudo isto aconteceu há muito tempo e hoje tenho a sensação duma explosão, intensa, densa… e breve.


[ A palavra do PPP era “densidade”. E a minha foto seria esta, qualquer que fosse a palavra. Porque, a este Abril longínquo, todas as palavras se aplicam. ]

sábado, abril 18, 2009

naquele dia



talvez o mundo tivesse caído naquele dia. o seu mundo, pelo menos - não brinques, Filomena, não rias - e porque riria? não havia pessoas eternas, afinal. não, não havia, porque a avó (já bis, já avó do pai) estava lá dentro tapada com o lençol - Filomena, fica no quarto! - mas tinha que espreitar. porque não se mexia? não falava? nem os olhos se prendiam nos dela. húmidos de ternura - não chores minha menina. minha menina - e agora ia ser a menina de quem? tinham pressa que crescesse. dez anos, perdidos entre adultos - Filomena, estás a sonhar? - estava. tanta vez. agora os sonhos esbarravam naquilo. no que julgava não poder acontecer - ai, esta rapariga no que andará a pensar? - em nada, mãe. em nada, pai. só os porquês. os porquês que seguiriam com ela toda a vida. não havia pessoas eternas. também eles. um dia. pai, mãe. e o frio, o susto, a angústia. talvez sim. talvez o mundo tivesse desabado naquele dia.

terça-feira, abril 14, 2009

Páscoa de vento e sal



Páscoa de vento e sal. Entre o sol e a chuva. Dias caprichosos, na busca da tranquilidade que se tem tornado escassa. E o tempo, de tanta incerteza… Chuva que não chega a lavar, sol que não dá para aquecer. O vento, sempre presente, traz o aroma do mar, forte. Aguçando o desejo de dias suaves. Uma espera inquieta, sem data para terminar.

quarta-feira, abril 08, 2009

Páscoa




Páscoa. Passagem da morte para a vida, pelo sacrifício. Renascer. Ressurreição para os cristãos. "Pessach" judaica, passagem da escravidão para a libertação. Através, também, de um sacrifício, o dos primogénitos do Egipto. Renascimento da natureza, após o sacrifício necessário da sua morte invernal. Assim era nos tempos antigos. Assim é hoje, quando, sem saber, repetimos os rituais. Os fofos coelhinhos e os saborosos ovos. Símbolos de fertilidade. Renascer, sempre. Refazer o ciclo. Recomeçar.

[Escrevi isto há uns tempos. Mas mantem-se o que queria dizer. Para todos, uma Boa Páscoa cheia daquelas coisas doces que, não sendo de comer, alimentam a felicidade.]

sexta-feira, abril 03, 2009

Múltipla



Múltiplas cores
Duma paleta arbitrária
Múltiplos sons
Procurando a sinfonia
Partes de um todo espalhado
Nos recantos de viver
Múltipla
Sem chegar à unidade
Manta de gastos retalhos
Remendados dia a dia
Múltipla
Diversa mas tão igual
Na procura inquieta
Da luz que ilumina o voo
Da água do sol do sal
[da vida]