Sabem de que cor são os malmequeres? Brancos, amarelos, as duas coisas? Respostas prosaicas. Os malmequeres são cor de primavera. Esta é uma resposta poética.
Também a água não é bem água. Talvez seja um fio de prata ou um líquido caudal. Ou qualquer outra coisa. As cores não são bem as que vemos, mas as de alguma improvável paleta. E sobretudo a dor não é dor. Chamemos-lhe o que quisermos, mas não lhe chamemos dor. Nem tristeza, nem solidão. Nem sequer a tão desejada felicidade. Recorramos a todas as figuras de estilo. Sublimemos. Sobretudo, sublimemos. Façamos um enorme silêncio sobre a vida real, deixemos a poesia dizer do mundo inventado onde, ao de leve, só ao de leve, pairam os nossos sentimentos.
Será para isto que serve a poesia? E será que a poesia tem que servir para alguma coisa? Não para mim, não hoje, sobretudo.
Mas nem sei como vim parar aqui. Hoje eu só queria saber de que cor são realmente os malmequeres. Os verdadeiros que existem nos campos e se sentem nas mãos quando os colhemos. Nos campos reais, da terra real onde cresce a verdadeira vida.
Fevereiro 2006
42 comentários:
Lindo, lindo, lindo. Obrigado.
Boa noite e boa semana.
há malmequeres de todas as cores. basta pintá-los com os olhos num poema.
Maravilhoso, Vida de Vidro! E avanças aqui com uma questão que, na pena de Oscar Wilde, foi, a seu tempo, uma afirmação altamente controversa, mas a qual sempre tendi a entender e defendi, na medida das minhas fracas capacidades de "escrevinhadora de tese": "all art is quite useless"... por oposição, naturalmente, ao conceito de que a arte tem, obrigatoriamente, que servir um propósito ou transmitir uma mensagem.
Este teu texto preencheu-me completamente na medida em que reforçou esta ideia de que a arte existe com vida própria. Sem ter que servir causas, ideiais, ou filosofias. Vivam os malmequeres!!!
Um beijo.
Olá!
...e acho que foste eloquente!
Bjs
Beijinhos e uma boa semana.
O que nos fazes com esta arte de escrever linda e poeticamente bem, que seja, cada um de nós, a sentir as cores e os significados das coisas.
Foto muito bem apanhada para este contexto.
Uma bela semana
Daniela
Os malmequeres são da cor que os olhos da alma os queiram ver...
Bom dia!
Escreves com uma naturalidade, simplemente maravilhosa!!
Os malmequeres... significam a primavera...
E Primavera... significa renovação!
Beijinhos
Maria
uma supresa para a nossa amiga Plim
Tem a beleza campestre, este teu desabafo.
Uma sombra matou as flores do mundo...
acho q todos tem cores lindas basta saber como vc ve eles.bjo
Como é que 1 flor tão pequena e simples pode ser tão bonita?
Obrigada por teres-me apresentado à "Memória" do Rodrigo Leão.
Lamento se hoje não comento, mas é impossível comentar o que escreveste, porque apenas não há nada a acrescentar... está perfeito.
Beijinho
C.
Simplesmente malmequer ... Handsoftime
Com textos prosaicos assim,
os malmequeres nem precisam de ter cor.
Não é preciso proferir grandes adjectivos para lhe dar a ententeder de uma forma directa que gosto de lê-la!
Gosto de lê-la e ponto final.
Boa noite e beijinho.
os malmequeres têm a cor das margaridas, e há tantas margaridas...
De todas as cores!... :)
Um post fantástico. Sabes de que cor é a amizade? Será azul? Talvez. É a minha cor preferida.
Beijinhos
Inquietante este teu texto.
A duvida...
Os malmequeres são...não tenho a certeza da cor..do cheiro..da primavera.
bjinhos
Sobretudo, sublimemos. Façamos um enorme silêncio sobre a vida real, deixemos a poesia dizer do mundo inventado onde, ao de leve, só ao de leve, pairam os nossos sentimentos.
Dessa cor da poesia, crescem braços aos malmequeres, que podem ser das cores que quiseres. Hoje, mais para o final da tarde, trago-te um real que vai sentar-se numa jarra real, virada para a janela mais a sul possível. E estará presente amanhã quando ler os danos provocados por ti à poesia das flores. Cheers.
Ah...obrigado pela Norah Jones. Um must.
Tenho andado por aqui em silêncio a descobrir toda a beleza deste espaço.
Os meus malmequeres pinto-os com as cores com que a minha alma acorda. As nuances são apenas pétalas que cobrem o meu sorriso.
Parabéns
Carla
"
abalo
tonto
num ponto
onde desfaço
o traço
onde nasço
e cresço
num papel que com cordel
eu ato.
folhas brancas
que tingi,
folhas virgens
que desflorei.
atadas
com um cordel
num papel
onde cresci
e nasci
num traço
onde desfaço
o ponto
de onde tonto
eu abalo.
"
2007, JAS
uau...
esse texto eh de uma leveza e sensibilidade..:)
muito lindo..
"Os malmequeres são cor de primavera." :)
e qual a cor da sua primavera..?
x*
e de que cor são os bem me queres?
obrigada, vida de vidro, por todas as visitas e palavras suas minhas.
tive pena que não tivesse ido ao jantar de blogues no qual o seu nome foi lembrado por muitos ;)
um grande beijinho.
Eu quero escolher a cor!
Beijos*
Os malmequeres têm sempre a cor da vida! E a cor da vida será aquela que nós dia a dia vamos procurando na nossa "palleta" de cores... mas todos os malmequeres são lindos!...
Um beijo!
Amarelos, ainda.
Boa noite e um abraço.
nas flores aplicámos as cores do arco irís,transformámos numa aguarela com pinceladas de amor.
Bjs Zita
As flores são da cor que uma tinta de pincél uma imaginação um sorriso...os pintar. Os Campos ficam bonitos vestidos de amarelo ou vermelho da cor das papoilas...
um barço
brisa de palavras
Eu tenho andado muito no meio deles ultimamente, por campos longínquos e cheios de beleza natural LINDA!
Malmeqeres são brancos e amarelos para mim:))) Paz e sol..alegria, primavera, vida:)!
E um gd beijo a ti com um belo malmequer no bolso:)
Lindo! Os malmequeres são precisamente aquilo que tu queiras que são...neste momento para mim são...malmequeres!!!!!
Jhs
Pois, no sábado passado, dia 14 «aconteceu» o Jantar da Primavera» aqui fica um cheirinho dos comes, bebes e convívio.
Panadinhos de porco
Saladas e calamares
Gostei de ouvir recitar
O Orca do Sete Mares
Lombo de porco assado
Trouxe-me azia e ais
Conheci ontem
o Alexandre dos Sais.
Vindo do Céu
Chegou o Crystalzinho
Trouxe a Lua de Papel
Oh, o Henrique falou e disse
Lendo o seu pergaminho
A mania do «coitadinho»
Neste País cheio de fel.
Conversas animadas
Tarde ensolarada
O Jo na tesouraria
Não esquecia nada.
Gargantas afinadas
Maestro concentrado
Conservas variadas
Leite creme e folhado
O coro terá mostrado
Suas noites de ensaio
Vozes límpidas e fortes
Muito nos agradou
A Alice declamou
Poesias várias, que
A todos encantou.
A Sonhadora fazia
A sua reportagem
A Júlia sorria
Feliz com as suas causas
Sempre cheia de coragem.
Historinhas da Hilda
Uma história nos contou
Um nobre sentimento
A todos nós, tocou.
Beijokas e fica bem.
Os malmequeres são lindos, muito lindos mesmo. Adorei ler-te.
Ola Gostei imenso de cada linha que escreveste. Deixo-te um bjinho semeado num campo de malmequeres brancos,
Papoila Sonhadora,
Nas paredes do pátio da minha casa de infância, pululavam aqueles pequenos e coloridos malmequeres.
Eram malmequeres que viviam a vida à sua maneira, indiferentes a nós que lá habitávamos.
Pequenos no tamanho mas grandiosos na forma como se aconchegavam nas frestas das pedras.
Abraçados serenamente a elas, construíam o seu universo de tranquilidade.
Universo que contrastava, por demais, com a intranquilidade do Homem.
Malmequeres que aprenderam a viver e Homens que persistem em não viver.
Eram e ainda hoje são malmequeres despretensiosos.
Sem altivez ou ambições.
Que não sejam a de abraçar as suas companheiras e conversarem amenamente.
Ao sabor dos raios de sol da manhã, da sombra que vai surgindo com a tarde e sempre uma brisa que as refresca.
Quanto ao Homem pouco ou nada já sei o que faz ou sente.
os malmequeres são da cores pela qual imaginamos, pois é esse o grande segredo da poesia, a possibilidade de nelas encontrar e descrever coisas que aparentemento seriam impossíveis de existirem!!!
Beijos, cuide-se e tua poesia está em ti sempre...
há tonalidades floridas no teu belíssimo texto. cintilante.gostei muito.
Gostava de agradecer a quem comentou com os nicks "brisa de palavras" e "entrelinhas" e de lhes pedir o favor de tornar o perfil do Blogger acessível, sem o que não terei possibilidade de lhes retribuir a visita.
Gostei dos teus malmequeres; aliás gosto de malmequeres. Manéis, chamava-lhes meu pai, margaridas, às mais pequeninas. Ainda hoje me encantam aquelas pétalas pela singeleza, pelo desfolhar até à la folie...
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