domingo, abril 15, 2007

Da cor dos malmequeres





Sabem de que cor são os malmequeres? Brancos, amarelos, as duas coisas? Respostas prosaicas. Os malmequeres são cor de primavera. Esta é uma resposta poética.
Também a água não é bem água. Talvez seja um fio de prata ou um líquido caudal. Ou qualquer outra coisa. As cores não são bem as que vemos, mas as de alguma improvável paleta. E sobretudo a dor não é dor. Chamemos-lhe o que quisermos, mas não lhe chamemos dor. Nem tristeza, nem solidão. Nem sequer a tão desejada felicidade. Recorramos a todas as figuras de estilo. Sublimemos. Sobretudo, sublimemos. Façamos um enorme silêncio sobre a vida real, deixemos a poesia dizer do mundo inventado onde, ao de leve, só ao de leve, pairam os nossos sentimentos.
Será para isto que serve a poesia? E será que a poesia tem que servir para alguma coisa? Não para mim, não hoje, sobretudo.
Mas nem sei como vim parar aqui. Hoje eu só queria saber de que cor são realmente os malmequeres. Os verdadeiros que existem nos campos e se sentem nas mãos quando os colhemos. Nos campos reais, da terra real onde cresce a verdadeira vida.




Fevereiro 2006

42 comentários:

PintoRibeiro disse...

Lindo, lindo, lindo. Obrigado.
Boa noite e boa semana.

maria josé quintela disse...

há malmequeres de todas as cores. basta pintá-los com os olhos num poema.

Maria Carvalhosa disse...

Maravilhoso, Vida de Vidro! E avanças aqui com uma questão que, na pena de Oscar Wilde, foi, a seu tempo, uma afirmação altamente controversa, mas a qual sempre tendi a entender e defendi, na medida das minhas fracas capacidades de "escrevinhadora de tese": "all art is quite useless"... por oposição, naturalmente, ao conceito de que a arte tem, obrigatoriamente, que servir um propósito ou transmitir uma mensagem.

Este teu texto preencheu-me completamente na medida em que reforçou esta ideia de que a arte existe com vida própria. Sem ter que servir causas, ideiais, ou filosofias. Vivam os malmequeres!!!

Um beijo.

JPD disse...

Olá!

...e acho que foste eloquente!
Bjs

SÓNIA P. R. disse...

Beijinhos e uma boa semana.

naturalissima disse...

O que nos fazes com esta arte de escrever linda e poeticamente bem, que seja, cada um de nós, a sentir as cores e os significados das coisas.
Foto muito bem apanhada para este contexto.

Uma bela semana
Daniela

Anónimo disse...

Os malmequeres são da cor que os olhos da alma os queiram ver...

Bernardo Kolbl disse...

Bom dia!

Páginas Soltas disse...

Escreves com uma naturalidade, simplemente maravilhosa!!

Os malmequeres... significam a primavera...
E Primavera... significa renovação!

Beijinhos

Maria

Comentário disse...

uma supresa para a nossa amiga Plim

M. disse...

Tem a beleza campestre, este teu desabafo.

Klatuu o embuçado disse...

Uma sombra matou as flores do mundo...

Escorpiana Explosiva disse...

acho q todos tem cores lindas basta saber como vc ve eles.bjo

mac disse...

Como é que 1 flor tão pequena e simples pode ser tão bonita?
Obrigada por teres-me apresentado à "Memória" do Rodrigo Leão.

Cris disse...

Lamento se hoje não comento, mas é impossível comentar o que escreveste, porque apenas não há nada a acrescentar... está perfeito.

Beijinho
C.

Anónimo disse...

Simplesmente malmequer ... Handsoftime

Anónimo disse...

Com textos prosaicos assim,
os malmequeres nem precisam de ter cor.

Não é preciso proferir grandes adjectivos para lhe dar a ententeder de uma forma directa que gosto de lê-la!

Gosto de lê-la e ponto final.

PintoRibeiro disse...

Boa noite e beijinho.

tufa tau disse...

os malmequeres têm a cor das margaridas, e há tantas margaridas...

sotavento disse...

De todas as cores!... :)

Isamar disse...

Um post fantástico. Sabes de que cor é a amizade? Será azul? Talvez. É a minha cor preferida.
Beijinhos

as velas ardem ate ao fim disse...

Inquietante este teu texto.
A duvida...

Os malmequeres são...não tenho a certeza da cor..do cheiro..da primavera.


bjinhos

Anónimo disse...

Sobretudo, sublimemos. Façamos um enorme silêncio sobre a vida real, deixemos a poesia dizer do mundo inventado onde, ao de leve, só ao de leve, pairam os nossos sentimentos.

Dessa cor da poesia, crescem braços aos malmequeres, que podem ser das cores que quiseres. Hoje, mais para o final da tarde, trago-te um real que vai sentar-se numa jarra real, virada para a janela mais a sul possível. E estará presente amanhã quando ler os danos provocados por ti à poesia das flores. Cheers.

Anónimo disse...

Ah...obrigado pela Norah Jones. Um must.

Anónimo disse...

Tenho andado por aqui em silêncio a descobrir toda a beleza deste espaço.
Os meus malmequeres pinto-os com as cores com que a minha alma acorda. As nuances são apenas pétalas que cobrem o meu sorriso.
Parabéns
Carla

Joaquim Amândio Santos disse...

"
abalo
tonto
num ponto
onde desfaço
o traço
onde nasço
e cresço
num papel que com cordel

eu ato.

folhas brancas
que tingi,
folhas virgens
que desflorei.

atadas
com um cordel
num papel
onde cresci
e nasci
num traço
onde desfaço
o ponto
de onde tonto

eu abalo.
"

2007, JAS

Nomundodalua disse...

uau...

esse texto eh de uma leveza e sensibilidade..:)

muito lindo..
"Os malmequeres são cor de primavera." :)

e qual a cor da sua primavera..?

x*

Anónimo disse...

e de que cor são os bem me queres?

obrigada, vida de vidro, por todas as visitas e palavras suas minhas.

tive pena que não tivesse ido ao jantar de blogues no qual o seu nome foi lembrado por muitos ;)

um grande beijinho.

Alê Quites disse...

Eu quero escolher a cor!
Beijos*

A.S. disse...

Os malmequeres têm sempre a cor da vida! E a cor da vida será aquela que nós dia a dia vamos procurando na nossa "palleta" de cores... mas todos os malmequeres são lindos!...


Um beijo!

Bernardo Kolbl disse...

Amarelos, ainda.
Boa noite e um abraço.

Entre linhas disse...

nas flores aplicámos as cores do arco irís,transformámos numa aguarela com pinceladas de amor.

Bjs Zita

Unknown disse...

As flores são da cor que uma tinta de pincél uma imaginação um sorriso...os pintar. Os Campos ficam bonitos vestidos de amarelo ou vermelho da cor das papoilas...
um barço
brisa de palavras

João JR disse...

Eu tenho andado muito no meio deles ultimamente, por campos longínquos e cheios de beleza natural LINDA!
Malmeqeres são brancos e amarelos para mim:))) Paz e sol..alegria, primavera, vida:)!
E um gd beijo a ti com um belo malmequer no bolso:)

Maria Clarinda disse...

Lindo! Os malmequeres são precisamente aquilo que tu queiras que são...neste momento para mim são...malmequeres!!!!!
Jhs

Kalinka disse...

Pois, no sábado passado, dia 14 «aconteceu» o Jantar da Primavera» aqui fica um cheirinho dos comes, bebes e convívio.

Panadinhos de porco
Saladas e calamares
Gostei de ouvir recitar
O Orca do Sete Mares

Lombo de porco assado
Trouxe-me azia e ais
Conheci ontem
o Alexandre dos Sais.

Vindo do Céu
Chegou o Crystalzinho
Trouxe a Lua de Papel
Oh, o Henrique falou e disse
Lendo o seu pergaminho
A mania do «coitadinho»
Neste País cheio de fel.

Conversas animadas
Tarde ensolarada
O Jo na tesouraria
Não esquecia nada.

Gargantas afinadas
Maestro concentrado
Conservas variadas
Leite creme e folhado
O coro terá mostrado
Suas noites de ensaio
Vozes límpidas e fortes
Muito nos agradou
A Alice declamou
Poesias várias, que
A todos encantou.

A Sonhadora fazia
A sua reportagem
A Júlia sorria
Feliz com as suas causas
Sempre cheia de coragem.

Historinhas da Hilda
Uma história nos contou
Um nobre sentimento
A todos nós, tocou.

Beijokas e fica bem.

Os malmequeres são lindos, muito lindos mesmo. Adorei ler-te.

Unknown disse...

Ola Gostei imenso de cada linha que escreveste. Deixo-te um bjinho semeado num campo de malmequeres brancos,
Papoila Sonhadora,

Melga do Porto disse...

Nas paredes do pátio da minha casa de infância, pululavam aqueles pequenos e coloridos malmequeres.
Eram malmequeres que viviam a vida à sua maneira, indiferentes a nós que lá habitávamos.
Pequenos no tamanho mas grandiosos na forma como se aconchegavam nas frestas das pedras.
Abraçados serenamente a elas, construíam o seu universo de tranquilidade.
Universo que contrastava, por demais, com a intranquilidade do Homem.
Malmequeres que aprenderam a viver e Homens que persistem em não viver.
Eram e ainda hoje são malmequeres despretensiosos.
Sem altivez ou ambições.
Que não sejam a de abraçar as suas companheiras e conversarem amenamente.
Ao sabor dos raios de sol da manhã, da sombra que vai surgindo com a tarde e sempre uma brisa que as refresca.
Quanto ao Homem pouco ou nada já sei o que faz ou sente.

Fran Rebelatto disse...

os malmequeres são da cores pela qual imaginamos, pois é esse o grande segredo da poesia, a possibilidade de nelas encontrar e descrever coisas que aparentemento seriam impossíveis de existirem!!!

Beijos, cuide-se e tua poesia está em ti sempre...

Manuel Veiga disse...

há tonalidades floridas no teu belíssimo texto. cintilante.gostei muito.

vida de vidro disse...

Gostava de agradecer a quem comentou com os nicks "brisa de palavras" e "entrelinhas" e de lhes pedir o favor de tornar o perfil do Blogger acessível, sem o que não terei possibilidade de lhes retribuir a visita.

jawaa disse...

Gostei dos teus malmequeres; aliás gosto de malmequeres. Manéis, chamava-lhes meu pai, margaridas, às mais pequeninas. Ainda hoje me encantam aquelas pétalas pela singeleza, pelo desfolhar até à la folie...