domingo, janeiro 21, 2007

País sentimento





Sabes que não sou bem eu
perdida no nevoeiro.
Sou alguém que em si se dobra
desdobra
em camadas
pedaços do corpo inteiro.
Não sou eu
num todo exacto
quem hesita no caminho
como se em labirinto
fosse ele transformado.
É alguém a mim ligado
sem fio
nem arame de equilíbrio.
Talvez alguém desterrado
do seu país sentimento
ou só alguém deslocado
naquele dia
naquele momento.

Volto, sim
invento o sol
que aquece os sentidos
e nos reflexos de mim
colo pedaços perdidos.


Foto by Ewa Brzozowska

32 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito da lucidez deste poema.
Um beijo.

Frioleiras disse...

Para além das palavras ...
a música, de fundo,
linda,
mt bela,
... sempre !

maria josé quintela disse...

sentido, o teu poema.

Non disse...

Um sério poema ao som de uma música marcante!

:)

Bj

Maria Carvalhosa disse...

Eu sabia que havia de continuar a sentir-me bem no teu espaço.

Belo poema. Música emocional e esteticamente a condizer.

Beijo.

SMA disse...

"Eu não sou eu nem sou o outro. Sou qualquer coisa de intermedio..."

Grandes descobertas neste tempo de "hibernação"

as velas ardem ate ao fim disse...

Eu também não sou eu...
não sou ninguém há demasia do tempo.
Mas tb nada sei.Talvez por estar simplesmente triste apetecia me rasgar dedos mãos.

bjinhos

batista filho disse...

Quantos sentimentos... intensos, um tanto nostálgicos, belos... e a forma que os expressaste: de enternecer coração e mente, amiga querida!

Te beijo, comovido.

Bandida disse...

já te disse que escreves bem?!...

com ou sem nevoeiros...

sabes o caminho...

:)



B.
________________

Melga do Porto disse...

País Sentimento!
Como se tornou, cada vez mais, difícil falar dos Países.
O nosso não se tornou, já o é!
Sentimento – Algo que vem de trás, connosco continua e com os nossos continuará.
Graças por isso!
Juntar “País e Sentimento” é, como costuma dizer quem conheço, uma “mistura explosiva”.
Sem dúvida... assim penso!
Bj´s

hfm disse...

Muito bom - dos nossos sedimentos!

M. disse...

Belas as palavras, bela a ideia de "país sentimento".

Manuel Veiga disse...

o que importa mesmo é voltar sempre. e inventar o sol em cada reflexo dos sentidos. adorei o poema. belo.

Cris disse...

Absolutamente LINDO, e apesar da nota de esperança, eu senti tristeza... é triste quando temos que inventar o sol, mas é assim que temos que viver e continuar em frente.

Um beijinho grande

Cris

Teresa Durães disse...

gostei do que li !

JPD disse...

Está sensacional.
tens um talento admirável.

(Não podia deixar de comentar a tua edição de 18 Janº «A VERDADE?» no «Vemos, Ouvimos, Lemos»: o texto é excelente por deixar aberta uma remissão muito importante: a das três categorias paltónicas: o Bem, o Belo e a Verdade.
Acrescentaste a felicidade que se experimenta quando uma dessa categorias está presente e realçaste ainda o sofrimento, o desalento, o que for, sempre que se constata que a verdade apresentada, afinal, não era senão um tremendo logro, contemporâneo ou histórico.
Boa matéria para reflectir.)
:)

RF disse...

Muito bom...

Anónimo disse...

Gostei, li palavras que ficam... um abraço...

mac disse...

Há alturas em que não somos nós mesmos...sentimo-nos a viver a vida de outra pessoa.

Luís Galego disse...

Sabes que não sou bem eu
perdida no nevoeiro.

não sei quem é, mas só alguêm muito especial pode escrever assim.

Unknown disse...

Sem querer senti Pessoa neste poema... Excelente.

Um beijo

sotavento disse...

Também gostei que o Jacques doirasse os teus "pedaços"!... :)

Licínia Quitério disse...

Com essa bela escrita não te perdes no nevoeiro, não. Voltas sempre e colas os pedaços. Belíssima música.

Um beijo.

Licínia Quitério disse...

Com essa bela escrita não te perdes no nevoeiro, não. Voltas sempre e colas os pedaços. Belíssima música.

Um beijo.

Miudaaa disse...

Lindo...Lindo...
a esperança retratada nas palavras, na esperança do saber que voltas mesmo que tenhas que invenrar o SOL, porque ele aqueçe os teus sentidos... lindo.

um beijo da miudaaa completamente rendida às tuas palavras

Conceição Paulino disse...

um belo texto poético. da simplicidade aparenta em k nos move e leva, sem fios...
Bj
Luz e paz em teu camninhar e oa teu redor

Nina Owls disse...

como diz a bandida, sabes o caminho, com ou sem atalhos, vais deireita ao coração, pá. aos nossos, com certeza.
Tive a ver no palavra puxa palavra as vossas fotos. Uma delícia. Gostei da tua principal mas vi lá outra tua, ainda dentro do título fotosemana música. Mim like. e tb amei duas outras, se não estou em erro Teresa Silva, Teresa David, S,
Silence box, lol...dizendo de quais gostei:)))) uma do coreto, n me lembro de quem é,outra da Luísa e outra da Lícinia e outra....lol
enfim, eu que nada percebo das fotos, o único jeito é para ser fotografada, mas vou admirando o vosso trabalho feito com paixão.
Quanto ao poema teu, e parafraseando a bandida encontras o caminho de olhos fechados, mesmo quando te sentes apêndice espiritual de um corpo qualquer.
Beijo

A. Pinto Correia disse...

És um poço de sentidos. E sabes despertá-los nos teus leitores.
Beijinhos

Rui disse...

Afastar as nuvens com as mãos. Abrir o peito.

Anónimo disse...

Senão existisses, terias que ser inventada..Mas Tu, pensas..para dentro e para fora de Ti..

A busca do equilíbrio..será isso a perfeição?

um abraço
intruso

vida de vidro disse...

Quero agradecer ao anónimo que assina "intruso" os comentários tão encorajadores e calorosos que aqui tem deixado. Gostava de poder agradecer doutra forma, por mail ou retribuição de visita (no caso de ter blog). Na falta destes, fica aqui o meu agradecimento.

Maria Clarinda disse...

Jacques Brel...esta poesia...como no post anterior, levaram-me! Jhs mil.