domingo, janeiro 14, 2007

Escritos do frio (II)





Cumplicidade


Era o dia a seguir ao Natal. Havia sol. E vento. No frio procurei a pureza que os dias de Inverno carregam consigo, aquele olhar gelado que nos expurga das (in)dolências do conforto dos lares aquecidos. Junto ao mar, deixei-me levar pela brisa meio agreste e dei o rosto ao sol, como oferenda repetida pelas dezenas de pessoas que por ali andavam, entre um café tomado a olhar a marina e um passeio até ao final do pontão, onde a vista se espraia até à ponte e ao outro lado. Mar-rio, rio-mar, um contínuo de azul.
Vi-os sentados na ponta dum dos bancos do caminho. Passei à frente e voltei. De costas, eram a imagem de uma vida de cumplicidades, de amor/amizade, de paixão já remota. Seriam tudo isso ou não. Foi assim que os vi. Foi assim que os fiz passar para dentro da minha câmara de ilusões.

29 comentários:

Manuel Veiga disse...

um registo magnífico. e uma cumplicidade muito bela.

Pedro Branco disse...

Quando eu for grande quero estar ali... assim.

Suspiros disse...

A vida é assim, semeada de momentos mágicos que poucos conseguem vislumbrar... Parabéns, captou um deles!

:)

maria josé quintela disse...

importante captar o momento que nunca mais será...
e guardá-lo na memória.

para acreditar.

Anónimo disse...

Bela observação...
cumplicidade..."sim é preciso"

bjo

SMA disse...

Muito bonito... mas questiono-me, pq o frio é sempre na nossa "nomenclatura" de pensar, associado, conjugado com pureza...
Gostava de transformar o calor de corpos em pureza...
Mas fico também a ver esse frio de pureza... No querer do quente da cumplicidade.

Bjs

batista filho disse...

Quanta beleza registrada nessa tua câmara...!
Um beijo, amiga querida.

Amaral disse...

Hoje, o meu comentário é bem curto:
"Faz feliz a parte de Mim que és tu!", que talvez queira dizer: "Vida de vidro, faz Deus feliz!"
No meu sítio, tentarei explicar!...

jawaa disse...

Linda a tua escrita.
Bem hajas pela visita, ainda bem que valeu a pena.

JPD disse...

No limite, a linha do horizonte desenha uma calote azul que se agita sem cessar e parece apaziguar quem a observa.
O mar!
Sempre o mar!
Haverá quem se aborreça olhar o mar?
Duvido!
(Muito bom o teu texto)

poca disse...

as leituras qeu fazemos dos momentos dos outros... são reflexos do que queremos ver... porquê? talvez porque precisemos de os ver... para continuar a acreditar que existe... e para continuar a sonhar!

M. disse...

Adorei!

bettips disse...

Tuas ilusões lindas! Bjinho

Nina Owls disse...

Alice, sinto o mesmo sobre o Inverno, como se fosse a melhor estação para expurgar da vida as dores e futilidades, também sinto o mesmo a olhar essa foto, cumplicidades pelo encosto no outro, pela languidez de um olhar que parece perdido no mesmo horizonte e, se a cumplicidade retratar os anos, podem até ser os mesmos pensamentos. Conheci pessoas assim. Que eram mais dos outros do que de si próprias ... Somehow, isso enternece a minha esperança. Há cumplicidades assim. A música muito bem escolhida e as palavras a dedo. Oh Lord dont let me be misunderstood. Abraço da Nina

Rosa Brava disse...

Cumplicidades... sempre adorei esta palavra... trazem-me memórias e vontades...
Um belo registo, de um olhar muito sensivel...

Beijo e boa semana ;)

Unknown disse...

Uma narrativa deliciosa e intimista que abre espaço à reflexão.

Queria deixar os meus cumprimentos mais veementes ao comentário deixado em Eavesdropping. Não podia estar mais de acordo!

Um beijo

PAULO SANTOS disse...

Um beijo primário e em primeiro....
Regresso um pouco ás origens e a entrar aonde gosto....
Depois de um final de 2006 atribulado , vim em sossego estar por aqui um pouco...
Mais um post que nos embarca e embala...
Palavras para que????
Apenas quis dizer-te que estive aqui....
O post fala por si!!!!!

Um imenso beijo

Paulo

sotavento disse...

Viste-os com magia no olhar, foi o que foi!... :)

A. Pinto Correia disse...

Adorei esta imagem falada..
Beijinhos

Bia disse...

É dá gosto ver uma vida, concentrada em duas pessoas que a devem ter percorrido juntas... mesmo que não tenham estado sempre juntas é a imagem que nos deixa os seus cabelos brancos e a ilusão que nos permitem a nós de ter que é possível "crescermos" juntos até sermos "grandes"...
Adorei e tal como tu retirei a melhor parte a do ser possível...

Licínia Quitério disse...

Tu o disseste: Um registo na tua "câmara de ilusões". Vemos o que queremos ver. Cumplicidade. Porque não? Ela sabe tão bem!

Bandida disse...

respondo-te agora : é esta a essência da beleza...









B.
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as velas ardem ate ao fim disse...

Não estou a altura de comentar o teu belissimo texto.

bjo

Carla disse...

ler aki é sempre um prazer...

....oooO
....(....)... Oooo
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....oooO
....(....)... Oooo
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...... Passei por aqui
......... E desejo
......... Uma boa Semana
BEIJOS

João JR disse...

Momentos..algo que fica para sempre! Eu tento captar sempre cada um deles, n só na memória (q a tenho mt boa:), mas tb com a minha máquina fotográfica q me acompanha p todo o lado! é a minha eterna cumplice...e acho que nada de bom neste mundo se realiza sem cumplice, certo? Tal como o amor, a amizade.. são "crimes" (BONS) q n se realizam sem cumplice:)
Um beijo grande,

Rafaela disse...

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Diafragma disse...

Lindíssimo texto e excelente fotografia. Parabéns!

Anónimo disse...

Partilha de cumplicidades..paixão ida, mas não o desejo, esquecido..remanso? ou ainda o silêncio, do sonho pensado por realizar..uma viagem?
..tantos momentos..naquele momento

..e, ainda a ternura daquele toque..

..também vejo essa imagem que Tu retivestes..(eles não estão derreados),querem continuar vivendo..

um abraço
intruso

Melga do Porto disse...

A vida é um pouco como a paisagem que avistaste do fundo do pontão.
Mar-Rio, Rio-Mar... nem sempre um contínuo azul!
Infelizmente muitos “agentes poluentes” por aí andam, uns sob controlo ou perfeitamente descontrolados.
Paixão, amor, amizade, cumplicidade – uma câmara de ilusões!
Gostei mesmo foi do café a olhar a marina...
Bj´s