
domingo, novembro 30, 2008
vórtice

quarta-feira, novembro 26, 2008
lonjura
domingo, novembro 23, 2008
As tuas mãos

E sempre as tuas mãos. Sacrário de silêncio onde celebrava o misticismo do amor. Unguento sobre a pele. Pelo toque me davas o pão do teu corpo. A água que o sincelo da minha alma gerava, matava-me a sede. Naquele eremitério feito de horas isoladas procurávamos a infinitude improvável. Precisávamos urdir uma rede fina, preciosidade de protecção contra a auto comiseração e a aleivosia dos outros. Talvez a malha fosse larga demais. Por ela fugiu tudo o que ritualizava o amor e, por fim, até as tuas mãos.
quarta-feira, novembro 19, 2008
Marta Maria Mulher

by Vermeer, Christ in the house of Martha and Mary
“Martha, Martha, you are worried and distracted by many things. There is need of only one thing. Mary has chosen the better part, which will not be taken away from her”.’
Fala de Jesus na casa de Marta e Maria
A acreditar no que a Bíblia nos diz, só há necessidade de uma coisa. A fé e o amor incondicional. A escolha de Maria que acreditou, confiou cegamente e se dedicou exclusivamente à adoração e bem-estar daquele que amava.
Sempre me senti a viajar entre Marta e Maria. Sem que isto tenha algo a ver com crença religiosa. Marta é a acção necessária, a dúvida sistemática, o olhar virado para o mundo material. Maria é a confiança cega, a adoração, a total entrega a um amor (divino ou não). Marta desconfia de milagres, a não ser os que ela própria consegue. Maria crê cegamente nos milagres do Jesus que adora.
Como seriam, no mundo de hoje, Marta e Maria? Não sei sequer se este louco mundo permite a existência de tais estereótipos. Em proporções diversas, temos todas algo de Marta e algo de Maria. Agimos, trabalhamos, duvidamos e amamos na mesma medida. A vida divide-se em tantos compartimentos, as solicitações são tantas que damos de nós x de Marta e y de Maria, em cada caso. Para encontrarmos um qualquer z, solução das situações por que passamos. Mas como nos sentimos mais, quando estamos sós, perante o nosso espelho interior? Eu não consigo deixar de me sentir, apenas, Marta Maria Mulher.
sábado, novembro 15, 2008
ténue

miragem indiferente
nuvem de vapor criada
pelo toque do sol quente
na pele do asfalto molhada
quarta-feira, novembro 12, 2008
segunda-feira, novembro 10, 2008
Memória

Nesta casa aparecem-me assim estas confusas memórias e sou sempre pequena a um canto, fugindo das lágrimas da mãe que nunca ali conseguiu paz para viver. Só depois, só quando abandonámos a casa. E ela foi ficando assim desabitada, sozinha. Já nem o pai, já nem ele para nos ligar ao cheiro da casa, para nos levar lá nos Natais como se ali fosse o nosso lugar raiz. Não sei se alguma vez foi, para mim, raiz. Já nem o pai. Terei também visto a morte nos olhos dele? Antes um adeus. E não quis acreditar. Não quis. E depois só me lembro das crianças, tão pequenas elas também, pelos cantos de outras casas. Tão pequenas que a menina que se encolhia dentro de mim precisou crescer. Esta casa traz-me sempre confusas memórias. E outras, claras e lúcidas. Demasiado nítidas.
sexta-feira, novembro 07, 2008
Por vezes falo de nuvens
terça-feira, novembro 04, 2008
Ana à janela

by Dominique Dupont & Christian Duprez