quarta-feira, novembro 01, 2006

Globalizações...





Entrei e esperei um pouco pela habitual pergunta:

- Deseja beber alguma coisa? Já deseja encomendar?

Sem que tenha uma especial simpatia pelos holandeses, reconheço o seu respeito pelo ritmo de quem entra num restaurante ou num café. Entrou, tem todo o tempo do mundo para escolher e ficar a conversar, se lhe apetecer. Até aqui, em Amesterdão, cidade global por excelência, caldeirão de culturas cuja “sopa” resulta em algo excitante e atractivo.
É nesta classificação de “cidade global” que entram as minhas interrogações. Porque há uma “globalização” de que gosto e uma GLOBALIZAÇÂO que detesto. Gosto de encontrar uma marroquina que foi trabalhar em Amesterdão e cujos pais vivem em França. Gosto de a ouvir falar com uma canadiana que se prepara para partir para África com um grupo de amigos. Gosto que, quando sabe que sou portuguesa, encontre no seu vocabulário um sonoro “Obrigado” acompanhado dum lindo sorriso. Gosto que o restaurante seja de comida mediterrânica e que lá oiça falar italiano, francês, sei lá mais o quê…
Mas… não gosto, certamente, que a marroquina sirva à mesa, eu e a canadiana sejamos servidas. Porque existe aqui um padrão que se repete de restaurante em restaurante. Também não gosto que, porque o seu nível de vida lhe permite, a canadiana esteja instalada num dos melhores hotéis da cidade e a maior parte dos que, como eu, são oriundos de países "pequeninos" em tudo, estejam num “limpinho mas pequenino” com aqueles mínimos que o espírito económico holandês nos dá. Porque, afinal, todos querem ficar a dois passos do Museum District e relativamente perto do centro e aí os hotéis são caros. Exigências, exigências…
Serão os contrastes que se repetem nesta e noutras cidades tão atraentes como esta, efeitos perversos dessa tal GLOBALIZAÇÂO que detesto? Não tenho exactamente respostas. Mas, sem dúvida, isto deixa-me a pensar depois do primeiro deslumbramento do contacto mais estreito com esta cidade linda que só conhecia de passagem.




Foto by vida de vidro

27 comentários:

Nina Owls disse...

É bom saber-te de volta. E a globalização há-de ser uma pedra no sapato da humanidade. Para já, para já, quem reflecte sofre na antecipação. Viste os moinhos? As flores? O pessoal a consumir cogumelos e charretes? :O
Abraço da Nina

Teresa Durães disse...

Nessa globalização que se sente (e no aeroporto? quem limpa o chão, reparaste? holandeses é que não eram) acampei. Assim não havia qualquer distinção eheheheh entre nós portuguses mais uma série de manfios de todo o lado (os holandeses gostam dessas coisas) sempre passámos despercebidos). Mas fui de carro e isso tem o seu tempo (e não em Novembro).

Onde se vê bem essa dita "globalização" é em Londres... que vergonha... (sim, porque os empregados de limpeza de todas as nacionalidades dos países pobres trabalham antes dos ingleses chegarem - entram às 4 da manhã - para nem se cruzarem. Nada de misturas que os ingleses não são dessas frescuras.

Bem vinda!

Anónimo disse...

mais um caminho deserto que só leva a circunstanciais promessas de uma vida melhor. globalizar em redondo. ou seja fica tudo igual. o mal e o pior. o bom e o melhor. mais uma das sociais mentiras que são impinjidas em catadupas.
mas Amsterdão é o banquete. ainda não partilhado.


Abraço!
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Manuel Veiga disse...

compreendo a tua análise e a tua preplexidade. a (actual)globalização não resolve as desigualdades, acentua-as. oxalá disso saibamos ganhar consciência e extrair consequências...

gostei mto saber-te de regresso.

Cris disse...

Bem Vinda!! Espero que tenhas usufruido bem os teus mais que merecidos dias de férias, infelizmente temos a globalização, e não posso concordar mais contigo.

Enfim, é o que temos!!

Bjkas

Cris

PAULO SANTOS disse...

O mundo a rodar á velocidade do nosso desejo????
Na pressa gigantesca de girar...
Apressamos-nos Demasiado....

Beijo

Paulo

(é bom sentir-te....)

Licínia Quitério disse...

Sejas bem aparecida, Amiga. Tu e as tuas análises tão lúcidas.
A propósito: Quem "serve" nos nossos restaurantes menos caros? Quem faz a limpeza das nossas casas? Quem constrói as nossas casas?
Às vezes até são portugueses.
Eu sei que há hierarquias até na pobreza. Mas incomoda, não é?

Abraço e Amizade.

Rui disse...

Soube bem voltar à cidade onde gostei de estar. Uma cidade global,em mais do que um sentido... da boa e dá má também, que ela está em todo o lado em todos os feitios.

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

Pelo menos ainda existem olhos atentos a esses promenores, outros nem vêm...

Kiss, até outro instante

(a foto é linda)

Bia disse...

Ainda bem que voltaste!
A Imagem é linda e as tuas palavras mostram mais uma vez que o teu olhar sobre a vida e as pessoas é atento e preocupado, coisas de quem tem a sensibilidade á flôr da pele... coisas de quem é justo e vê não só com os olhos.
beijinho

Anónimo disse...

Tenho tanta malha enrolada que só deixo um fio das ideias sobre este assunto:
Se deixarmos os homems, em igualdade e de per si, viverem as formas tribais de isolamento e diferenciação culturais, desceremos solidariamente até obrigar a admitir a excisão para purificarmos as nossas mulheres?

Excelente regresso!!

Anónimo disse...

...só passando por aqui.
e colhendo um pouquinho de Amsterdã.

naturalissima disse...

Que bom ver-te de volta, amiga.
Regressaste com uma energia diferente, com garra... atenta ao mundo em que se vive!
Ao menos viste, sentiste e não te deixaste ficar, questionando afinal
de contas essa coisa de GLOBALIZAÇÃO!!!
O pior de tudo, amiga, é que todos nós sabemos da existência do mal, mas ninguém tem coragem de agir e de reagir... não se pode, não é? Somos logo eliminados por aqueles que DOMINAM o MUNDO.
Queres melhor exemplo, do que está a acontecer em África?
E a nossa velha Europa? Que rumo toma?

Amiga, gostei muito do teu regresso, deste artigo e da FOTOGRAFIA!
Vemo-nos...
Um beijinho
Daniela

Pitanga Doce disse...

Bem vinda!
Isto que descreves é antigo, só que tem novo nome. Toda a minha família é de imigrantes que quando aqui chegaram, há muuuitos anos, também trabalhavam em serviços que eram preteridos pelos de cá. É claro que há países que "carregam nas tintas" na hora da divisão de classes de trabalho, mas quem está empenhado em fazer a sua vida, segue em frente.
beijos de fim de feriado

JPD disse...

Os fulgores migratórios estão mais acentuados por se terem acentuado as desiguladades nos países de origem; o regresso dos emigrantes ao país natal reduziu-se por se sentirem mais seguros nos paises de acolhimento? -- Para a 2ª e 3ª geração talvez.
A globalização, por enquanto estará a tratar de outras coisas.
As respostas de politica económica ao fenómeno de circulação de mão de obra ainda se verifica no frenezim que as oscilações de mercado experimentam

Kalinka disse...

Então, os ultimos dias de férias de 2006 foram bons???
Espero que sim.

Conheci Amesterdão e adorei.
Amesterdão, cidade global por excelência, caldeirão de culturas cuja “sopa” resulta em algo excitante e atractivo.
Mas, sem dúvida, isto deixa-me a pensar depois do primeiro deslumbramento do contacto mais estreito com esta cidade linda que só conhecia de passagem.
Belo argumento o teu. Gostei.
Abraços.

mfc disse...

Pois...mas a GLOBALIZAÇÃO que vai vencer será, infelizmente, a que tu não gostas!
Na outra, ELES não estão interessados!

... disse...

Nunca hei-de conseguir perceber o que mais aprecio, se os textos se as fotos.
E agora até tiradas por ti.
Parabéns, está excelente.

Anónimo disse...

Blogue duma estética irrepreensível, comprometido com a beleza da vida, a merecer mais e constantes visitas no futuro. Gostei imenso desta página elegante. Bom fim-de-semana.

Miguel Baganha disse...

" Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada...ou quase nada. "

Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si...hoje disseste tudo, e com todas as notas, Glasslife...

Obrigado pelo sambinha...

Bom fim-de-semana!

Melga do Porto disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Tens razão no tema que dissertas, mas jamais terás a resposta que te agradaria. Haverá sempre ricos e pobres, brancos e escuros, foi sempre assim e continuará a ser. A igualdade tout cour não exister. Conforma-te! Também achei Amesterdão lindissima, mas não tenho a mesma opinião que tu dos holandeses, acho-os muito mercantis.
Bjs

Isabel disse...

Globalização uma treta de uma palavra que nem bonita é para enganar os ignorantes e nos convençer que é bom viver mediocres a vida inteira a cada vez mais... tapam o que é feio e duro com frases fitas e plastico de má qualidade.
Ainda bem que há quem esteja alerta e perca um pouco do tempo que nos querem fazer crer que é escasso a alertar os demais.
Obrigada por este teu espaco onde me sinto bem e desperta.

Um beijo.

Isabel

Anónimo disse...

Bem voltada.

Beijos

Hummmmmmmmm, ihihihihihhi

mac disse...

Bem vinda amiga!
A globalização tem destas coisas: tráz o mundo para mais perto (e a internet é prova disso), mas depois tem essa face negra: quem tem dinheiro tem acesso a coisas que, quem não tem limita-se a ver na montra. E mais essa discrepância nas nacionalidades de quem trabalha. A culpa não é tanto da globalização, mas do poder económico. Quem o tem, tem-no em qualquer parte do mundo.

happiness...moreorless disse...

É bom ter-te de volta =)...e claro, logo com palavras fortes neste teu espaço! adorei a tua divagaçao sobre a Globalizaçao, tens razao, a discriminaçao está lá...

um beijinho

sónia disse...

vivi em Haia alguns meses e as idas a Amesterdão eram frequentes - reconheci perfeitamente o que descreveste..
comecei por me deslumbrar com Amesterdão e gostar de Haia; acabei por me deslumbar com Haia e "gostar" de Ams... - percursos..
nos holandeses/Holanda há coisas que se adoram e coisas que se detestam - como tudo na vida ;)