
Se soubesse escrever um longo poema
um rio de palavras transbordando as margens
falar da vida do amor ou da morte
de paixões ardentes ou desejos simples.
Se soubesse agarrar o fio do que sinto
ou apenas sem pudor atirar à sorte
sons que dissessem das vezes que minto
e das que mentindo me mostro.
Ser fingidor ou poeta
como se estivesse inscrito no destino
coisa em que nem acredito.
Se arrancasse de mim ais de dor sentida
ou sátiras setas que acertam o alvo
ou a pura alegria do milagre da vida.
Se soubesse ser eu nas palavras que escrevo
e todos os outros que em mim se inscrevem.
Se ser poeta me fosse concedido
por um dia ou uma hora de ilusão.
Seria esse tempo de fazer amor contigo
que o poema quer-se vivo!
Foto by Beda