quinta-feira, setembro 29, 2011

Outono sem chuva



É Outono. E ainda não chove. Tenho esta imitação de folha em branco e os dedos tropeçam no teclado. De quem falo? Como querias ser lembrado? O dourado dos caracóis da criança, as impertinências do adolescente espigado, o homem, o pai, o artista... Haverá muitas coisas de ti que não conheci. Mas, agora que aqui não estás e já não te posso perguntar, não consigo que os meus dedos encontrem as palavras que te descrevem. Só inquietação. Minha, tua. Levaste contigo a paz que se encontra nas memórias de infância, nos risos antigos que ficam a ecoar nas casas. Ficaram as perguntas, os silêncios, os vazios que não serão preenchidos.

Inquietação. Estás em frente à janela, tenho a certeza. É Outono. E a chuva ainda não bateu nos vidros.