sexta-feira, setembro 03, 2010

O rio de marés


Tavira, rio Gilão


Agora que o Tejo é o rio que me preenche o olhar, já me falta o outro rio. Aquele rio de marés que sempre me emociona, no seu movimento suave. Enche e despeja devagar como se respirasse. Reflecte a cor dos barcos e o sabor do sal e do peixe que o percorre. É um rio e o seu fim, o seu abraço interminável com o mar.
Sobre o rio os homens construíram pontes. Em cada uma, a visão da cidade branca traz novidade, aquele detalhe ainda não observado. O dia é um jogo de gradações de luz, a noite é pura magia, uma brincadeira de namoro com a cidade iluminada.
Há muitos anos, conto tristezas e alegrias a este rio. De alguma forma, as águas tudo misturam no seu destino final. De alguma outra forma, sinto-me mais leve na certeza de compartilhar vivências com um amigo.
Agora que voltei da cidade, da ilha, trago o desejo das águas daquele rio e a certeza de que foi o destino de férias certo. Ali onde a vida se cria e se colhe, onde se faz magia do que o mar traz, ali onde o rio fala comigo enquanto as águas se renovam constantemente.