quinta-feira, abril 23, 2009

Densidade




Falemos então de densidade. Segundo o dicionário:

1. Qualidade de denso; espessura.
2. Relação entre a massa ou o peso de um corpo com o seu volume ou com a massa ou peso de outro corpo do mesmo volume.
3. Fotogr. Grau de opacidade de uma imagem em papel ou filme.


Talvez fossem demasiado densas, a ansiedade inicial e a alegria que se seguiu. Talvez nada pudesse medir a espessura daquele vermelho infinito. Vermelho de esperança, de afirmação, de certezas improváveis.
Talvez os corpos se sentissem leves, como se a densidade tivesse baixado subitamente. E pudessem dançar, soltar-se de amarras longas…
Talvez até o grau de opacidade das imagens que restaram só realçasse os cravos na manhã de cinza.

Talvez… tudo isto aconteceu há muito tempo e hoje tenho a sensação duma explosão, intensa, densa… e breve.


[ A palavra do PPP era “densidade”. E a minha foto seria esta, qualquer que fosse a palavra. Porque, a este Abril longínquo, todas as palavras se aplicam. ]

32 comentários:

Paula Raposo disse...

Um bonito e denso post sobre Abril. Beijos.

Rolando Palma disse...

Deixa-me só acrescentar:

Quanto mais tempo passa, menos densas ficam as memórias.

Não concordas ?

Rosangela Neri disse...

Denso... me lembra "n" coisas.

Interessante pensar nisso... denso!

Beijocas.

Conversa Inútil de Roderick disse...

Tão denso... o assunto!

Amaral disse...

A espessura da porta não foi suficientemente forte... e o Abril abriu-se!
A relação das pessoas com o Abril começa nas escolas, nos primeiros ensinamentos.
O Abril apenas permitiu que um povo se recriasse. É passado.
Sem querermos voltar ao passado que Abril destronou, importa inventar um presente que sirva o bem-estar de todos, em geral.

mena maya disse...

A densidade da revolução, portadora de esperança e liberdade!

Uma foto magnífica!
Beijinho

M. disse...

Adorei o teu texto! Da fotografia já tinha falado...

Justine disse...

...mas com estas tuas palavras, a "coisa" ganha outra densidade:))

Susn F. disse...

Gostei muito desta densidade em tons de vermelho.

Beijo

jawaa disse...

A arte da fotografia ao serviço da densidade, da poesia e da memória.
Um beijo

Manuel Veiga disse...

dia(s) denso(s) e intenso(s)

belos. apesar de tudo...

beijos

Anónimo disse...

um bom texto sobre algo que se sente que a marcou e ainda tem importância para si. um cravo e um beijinho com os votos de um bom fim de semana!

Anónimo disse...

25 de Abril sempre :-))

abraço

intruso

Mar Arável disse...

25 de Abril

de novo

Ana Echabe disse...

Então falamos de flores.
Esta que tem uma densidade em água, para que possa manter sua energia vital de luz e cor com um único propósito de todo dia brilhar nos olhos a palavras esperança.
Admiro-vos.
Com carinho meu Ana.
Um lindo final de semana.

mac disse...

Só é pena que os valores de Abril estejam esquecidos e enterrados...

bettips disse...

Todas: sonho, liberdade, cor, vontade, passagem.
Dia tão leve e denso!
(poderei "tomar" a tua foto para um quadro? Se o "construir" mostrarei).
Beijinhos

as velas ardem ate ao fim disse...

Olha até chorei ao ler te!

obg por seres quem és!

bjo

Anónimo disse...

A densidade está sempre presente na vida.
um abraço
tulipa

Mar Arável disse...

Se não for com cravos

que seja com papoilas

breves que se renovam

com memórias

Maria Clarinda disse...

Talvez....
Lindo o teu post.
Jinhos mil

Oliver Pickwick disse...

Os ecos das explosões não se "calam", viajam no espaço-tempo pela eternidade. E certos meses carecem de cultivo para que se mantenha, sempre, a sua verdadeira
essência.
Umb eijo!

Nina Owls disse...

belissima análise a tua...
desse abril que condensas na densidade - longinqua - de 74, tenho uma vaga idei de euforia dos outros. Foi nesse abril que perdi o meu pai, precisamente a 10 de abril. A alegria dos outros não se colava a mim. Felizmente, outros "abris" de liberdade me mostraram que nem todo o abril é mau, nem todos os cravos morrem. Entre ganhar a liberdade de ser criança - a minha da altura, real - e a liberdade dos outros expressarem - hoje a minha tb - o que sentem, perdi a placa tectónica e tive que á lei da bala fazer outra, alicercar-me. Em nome da liberdade, ganhei a liberdade de dar um peso á minha dor e é nessa liberdade da democracia - pouco visivel e cheiinha de escolhos, que estamos hoje. Viva a humanidade que Abril despertou. Bj

ruth ministro disse...

É bom manter Abril vivo, e fizeste-o na perfeição. Eu, como a liberdade, nasci neste mês. Deve ser por isso que gosto tanto das nuvens...

simplesmenteeu disse...

Densa a luta sob as botas cardadas.
O desafio da palavra quebrando as leis e as normas.
O vermelho, que rompeu as grades e o silêncio e se fez dança de alegria, na explosão de um Abril de todas as certezas, de todos os amanhãs.

Um beijo

Secreta disse...

O Abril de sempre , para sempre!
Beijito.

Cõllybry disse...

Densamente poético...

Grata por a companhia neste ano que passa...

|)’’()
| Ö,)
|),”
|Doce beijo da...

*Cöllyßry

as velas ardem ate ao fim disse...

Nós somos seres unicos!


feliz 1º de Maio!

(Percebo taõ bem o post acima!)

bjo

~pi disse...

densa

dança

( densa-dança-vermelho-abraço :)




beijo





~

in_side disse...

de novo:

densa

mente,



*

o Reverso disse...

muito bom...

bettips disse...

Mesmos os contrários o diriam de Abril: leveza, vôo, alma, alegria...
Bj