sexta-feira, outubro 08, 2010

Com chuva...


by Daniel Camacho

Com chuva abrande a velocidade. Um sensato slogan na estrada que dificilmente se vê, tal a cortina de água. Na verdade, com chuva tudo em mim abranda. Porque não a velocidade ? Enrolo-me, casulo envolto em silêncio molhado. Todos os ritmos são lentos, o sangue não aquece e cada movimento custa. A essência de mim está longínqua, num trilho sem destino. Devia ser como a terra que parece rejubilar. Agora já não sou terra, nem água, nem fogo. Não sinto. A chuva lava. E leva com ela toda a reacção possível. Positiva ou negativa. Dentro do casulo, sou neutra. Fria.
Um dia deixará de chover. Talvez o casulo abra e tudo volte ao normal. Aguardo, com a extrema lentidão das larvas, esperando transfiguração.