by James Croak
O homem olhava o espelho. Rara nele, aquela contemplação. Não gostava do passar dos anos, ali visível. Naquele dia procurava a visão interior, o seu verdadeiro querer. Existia a realidade e o apelo sempre novo do que o levava mais longe. Pensou em como o chamava, a partida, a descoberta. O seguir em frente, abrindo asas, pairando sobre trilhos desconhecidos. Ele, só, ainda que em direcção à fantasia que o esperava. Empolgou-se perante a ideia. Mas logo um arrepio lhe trespassou o corpo, por entre o sol de verão que a janela deixava entrar. Os pilares do mundo construído não estariam lá, se voltasse. Construiria outros, talvez. Tecidos de poesia, rendilhados em emoções. Mas o arrepio persistia. Das pequenas pontes lançadas por aqui e por ali, o homem não se lembrou. Frágeis, tão frágeis… todas elas levantadas para uma qualquer finalidade de que já nem se lembrava. Essas ruiriam, claro. Não, dessas não se lembrou. Só as pisava quando por acaso o caminho para pequenas ilusões por ali passava.
Mas agora o homem pensava na grande ilusão. Precisava saber se a queria real. Esperava que o espelho lhe dissesse. Talvez tivesse que passar para o outro lado, como a menina do conto. Nesse dia o homem não gozou o sol, faltou a todas as obrigações de um dia. Um dia na vida, ao menos. Tentou, sem conseguir, livrar-se daquele arrepio. Imóvel, expectante, esperou, por um dia, a resposta do espelho.
Mas agora o homem pensava na grande ilusão. Precisava saber se a queria real. Esperava que o espelho lhe dissesse. Talvez tivesse que passar para o outro lado, como a menina do conto. Nesse dia o homem não gozou o sol, faltou a todas as obrigações de um dia. Um dia na vida, ao menos. Tentou, sem conseguir, livrar-se daquele arrepio. Imóvel, expectante, esperou, por um dia, a resposta do espelho.