domingo, janeiro 14, 2007

Escritos do frio (II)





Cumplicidade


Era o dia a seguir ao Natal. Havia sol. E vento. No frio procurei a pureza que os dias de Inverno carregam consigo, aquele olhar gelado que nos expurga das (in)dolências do conforto dos lares aquecidos. Junto ao mar, deixei-me levar pela brisa meio agreste e dei o rosto ao sol, como oferenda repetida pelas dezenas de pessoas que por ali andavam, entre um café tomado a olhar a marina e um passeio até ao final do pontão, onde a vista se espraia até à ponte e ao outro lado. Mar-rio, rio-mar, um contínuo de azul.
Vi-os sentados na ponta dum dos bancos do caminho. Passei à frente e voltei. De costas, eram a imagem de uma vida de cumplicidades, de amor/amizade, de paixão já remota. Seriam tudo isso ou não. Foi assim que os vi. Foi assim que os fiz passar para dentro da minha câmara de ilusões.

29 comentários:

  1. um registo magnífico. e uma cumplicidade muito bela.

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  2. Quando eu for grande quero estar ali... assim.

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  3. A vida é assim, semeada de momentos mágicos que poucos conseguem vislumbrar... Parabéns, captou um deles!

    :)

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  4. importante captar o momento que nunca mais será...
    e guardá-lo na memória.

    para acreditar.

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  5. Bela observação...
    cumplicidade..."sim é preciso"

    bjo

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  6. Muito bonito... mas questiono-me, pq o frio é sempre na nossa "nomenclatura" de pensar, associado, conjugado com pureza...
    Gostava de transformar o calor de corpos em pureza...
    Mas fico também a ver esse frio de pureza... No querer do quente da cumplicidade.

    Bjs

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  7. Quanta beleza registrada nessa tua câmara...!
    Um beijo, amiga querida.

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  8. Hoje, o meu comentário é bem curto:
    "Faz feliz a parte de Mim que és tu!", que talvez queira dizer: "Vida de vidro, faz Deus feliz!"
    No meu sítio, tentarei explicar!...

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  9. Linda a tua escrita.
    Bem hajas pela visita, ainda bem que valeu a pena.

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  10. No limite, a linha do horizonte desenha uma calote azul que se agita sem cessar e parece apaziguar quem a observa.
    O mar!
    Sempre o mar!
    Haverá quem se aborreça olhar o mar?
    Duvido!
    (Muito bom o teu texto)

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  11. as leituras qeu fazemos dos momentos dos outros... são reflexos do que queremos ver... porquê? talvez porque precisemos de os ver... para continuar a acreditar que existe... e para continuar a sonhar!

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  12. Alice, sinto o mesmo sobre o Inverno, como se fosse a melhor estação para expurgar da vida as dores e futilidades, também sinto o mesmo a olhar essa foto, cumplicidades pelo encosto no outro, pela languidez de um olhar que parece perdido no mesmo horizonte e, se a cumplicidade retratar os anos, podem até ser os mesmos pensamentos. Conheci pessoas assim. Que eram mais dos outros do que de si próprias ... Somehow, isso enternece a minha esperança. Há cumplicidades assim. A música muito bem escolhida e as palavras a dedo. Oh Lord dont let me be misunderstood. Abraço da Nina

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  13. Cumplicidades... sempre adorei esta palavra... trazem-me memórias e vontades...
    Um belo registo, de um olhar muito sensivel...

    Beijo e boa semana ;)

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  14. Uma narrativa deliciosa e intimista que abre espaço à reflexão.

    Queria deixar os meus cumprimentos mais veementes ao comentário deixado em Eavesdropping. Não podia estar mais de acordo!

    Um beijo

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  15. Um beijo primário e em primeiro....
    Regresso um pouco ás origens e a entrar aonde gosto....
    Depois de um final de 2006 atribulado , vim em sossego estar por aqui um pouco...
    Mais um post que nos embarca e embala...
    Palavras para que????
    Apenas quis dizer-te que estive aqui....
    O post fala por si!!!!!

    Um imenso beijo

    Paulo

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  16. Viste-os com magia no olhar, foi o que foi!... :)

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  17. É dá gosto ver uma vida, concentrada em duas pessoas que a devem ter percorrido juntas... mesmo que não tenham estado sempre juntas é a imagem que nos deixa os seus cabelos brancos e a ilusão que nos permitem a nós de ter que é possível "crescermos" juntos até sermos "grandes"...
    Adorei e tal como tu retirei a melhor parte a do ser possível...

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  18. Tu o disseste: Um registo na tua "câmara de ilusões". Vemos o que queremos ver. Cumplicidade. Porque não? Ela sabe tão bem!

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  19. respondo-te agora : é esta a essência da beleza...









    B.
    _______________________________

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  20. Não estou a altura de comentar o teu belissimo texto.

    bjo

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  21. ler aki é sempre um prazer...

    ....oooO
    ....(....)... Oooo
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    ....(_/.......)../
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    ....oooO
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    ..............(_/
    ...... Passei por aqui
    ......... E desejo
    ......... Uma boa Semana
    BEIJOS

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  22. Momentos..algo que fica para sempre! Eu tento captar sempre cada um deles, n só na memória (q a tenho mt boa:), mas tb com a minha máquina fotográfica q me acompanha p todo o lado! é a minha eterna cumplice...e acho que nada de bom neste mundo se realiza sem cumplice, certo? Tal como o amor, a amizade.. são "crimes" (BONS) q n se realizam sem cumplice:)
    Um beijo grande,

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  23. ------\.\.~.~././
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  24. Lindíssimo texto e excelente fotografia. Parabéns!

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  25. Partilha de cumplicidades..paixão ida, mas não o desejo, esquecido..remanso? ou ainda o silêncio, do sonho pensado por realizar..uma viagem?
    ..tantos momentos..naquele momento

    ..e, ainda a ternura daquele toque..

    ..também vejo essa imagem que Tu retivestes..(eles não estão derreados),querem continuar vivendo..

    um abraço
    intruso

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  26. A vida é um pouco como a paisagem que avistaste do fundo do pontão.
    Mar-Rio, Rio-Mar... nem sempre um contínuo azul!
    Infelizmente muitos “agentes poluentes” por aí andam, uns sob controlo ou perfeitamente descontrolados.
    Paixão, amor, amizade, cumplicidade – uma câmara de ilusões!
    Gostei mesmo foi do café a olhar a marina...
    Bj´s

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