cegos de não querer ver caminhamos no silêncio da casa pesado de augúrios. só os ponteiros do relógio se ouvem. o tempo, a espera. tacteamos os momentos e os risos de ontem. tentamos senti-los reais e palpáveis, possíveis de reviver. sem certezas, já sem espantos nem súplicas. esperamos apenas. um toque, uma voz. uma decisão de vida ou morte. quando a vida se afirma por tortuosas vias, nem o esgar dos lábios disfarça o que morreu. dentro de nós, no fundo dos olhos que se vão abrindo.
sábado, janeiro 30, 2010
domingo, janeiro 10, 2010
gelo
by Harrier
gelada a extremidade dos dedos que não traça caminhos de fogo nem cria o desenho poético da palavra. cada gota de água penetra a terra, funde-se na lama dos sentidos. sem mais redenção o poema prende-se em estalactites de frio, pérola imóvel e sólida que nenhum rio acolherá. assim, como ninfa em casulo, o corpo é sangue e os dedos músculos que se alongam na procura do degelo.
Marcadores:
Curtas,
Outros olhares,
Prosa
domingo, janeiro 03, 2010
o cinza do terceiro dia
by Ruip
os vidros turvam-se quase líquidos sem cor outra que o cinza. a chuva ensopa os restos que jazem nas ruas indícios de festas que já foram. espalha pela cidade o cheiro ambíguo da purificação. limpos de ilusões entramos no terceiro dia do novo ciclo cientes da semelhança do cinza com o que já conhecemos. afirma-se em nós a eterna interrogação da origem colorida da esperança.
Marcadores:
Curtas,
Outros olhares,
Prosa
Subscrever:
Mensagens (Atom)