Tratou cuidadosamente de tudo.
Escolheu o mais belo vestido guardado há tanto tempo no armário.
Pensou no penteado que lhe ficava melhor.
Ensaiou o toque de pintura que lhe realçaria o rosto.
Queria sentir-se bela.
Decidiu deixar os pés descalços.
Queria sentir-se livre.
Caminhou à beira-mar. Não sabia para onde ir.
Tinha cuidado de tudo menos do destino final. Ficava em aberto…
Sabia que tinha que ser longe da sombra protectora.
Olhou para trás. A mancha vermelha e calorosa chamava-a, num apelo confortável.
O mar estava ali perto e os pés enterravam-se na areia, num jeito quase voluptuoso.
Lentamente, seguiu. Passos hesitantes, pouco a pouco mais seguros.
Quando olhou novamente, a mancha vermelha era só um ponto perdido na lonjura.
Foto by Kenvin Pinardy
Distancia-te mas não o percas de vista...
ResponderEliminarKiss, até outro instante
A descrição fez-me lembrar um filme que vi, há muito tempo ... mas de que não lembro o nome ...
ResponderEliminarÉ um rumo em direcção á liberdade, de uma forma muito sedutora e num ambiente muito sensual, pés descalços, areia e "quando olhou para trás era só um ponto..." andou muito ou o suficiente para que as suas pisadas a fizessem longe.
ResponderEliminarUm beijo
Itinerários de devaneis e lonjuras intemporais. Entretanto, talvés algures num corgo, um "lobo" fixava o luar....
ResponderEliminarVidas de "vidro"....
Visconti.Morte em Veneza.
ResponderEliminare depois
a sedução dos Gotan Project.
Abraço!
_____________
Nem sempre me "obrigo" a interpretar o que leio. Por vezes, ler e gostar é quanto me basta.
ResponderEliminarUm beijo
e foi-se... mas ficaram as tuas palavras: belas palavras.
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarHá que seguir em frente, até todas as manchas se dissiparem. Quanto maior for a vontade e a determinação, mais perto será a vitória.
ResponderEliminarBeijos
em frente é que está a vida (e não ligues ao cuidadoso do louco)
ResponderEliminarehehhe
bom dia
tenho a vaga impressão de ja ter lido isto no teu anterior blog...é republicado? bj
ResponderEliminarLindo...bela descrição que aqui nos brindas!
ResponderEliminarUm beijo
Bonito.
ResponderEliminar(Fónix, que as gajas complicam tudo!)
:)=
faz lembrar pegadas na areia... curioso.
ResponderEliminaressa descrição fez-me lembrar alguém há uns tempos atrás...
ResponderEliminarui, doeu!
Bjos Grandes1
Cris
Vê a vida de longe... dá-lhe um avisão de conjunto!
ResponderEliminarÉ bom.
Acho muito bonito.
ResponderEliminarNão terá sido desejado deixar marcas para longamente recordar -- a maré subirá e apagará tudo!O vermelho no mar, tanto poderá ser para atrair como para manter distância.
O cabelo e o vento serão indissociáveis.
A volúpia perene.
Bem composto
(Pena a foto ser tão distante na exibição do rosto)
Muito bom!
:)
Sempre em frente e sem medo de deixar o passado para trás.
ResponderEliminarÉ assim que eu vivo cada dia e ensino aos meus filhos.
Lindo poema.
Um abraço
Certas coisas têm que ficar para trás.
ResponderEliminar"Quando olhou novamente, a mancha vermelha era só um ponto perdido na lonjura."
ResponderEliminarMesmo que o destino final, não esteja à vista, o importante é caminhar... seguir em frente... de vestido há muito guardado, com o penteado vaidoso, de rosto radioso... simplesmente bela e pronta para voar!
Magnifico.
li-o como se estivesse diante de uma cena cinematografica...
Um grande beijinho, amiga
Este foi um encontro maravilhoso.
Até breve :-)
Daniela
É a vantagem de se ser livre...caminhar sem destino sem grilhões a prender-nos os pés.
ResponderEliminarLindoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!
ResponderEliminarSabes que vi tudo o que descreveste... caminhei... olhei para trás e sorri.
Obrigada por este momento.
Um beijo de miudaaa
Cinéfilo...
ResponderEliminarVigoroso...
passadas seguras..sem olhar para trás....
Mais uma vez, uma imensa surpresa este post!
UM beijo
Paulo
Olá! Este teu LINDO texto tem um não sei quê de fatalista... segundo a minha interpretação! Ainda BEM que em vez de se meter mar adentro, ela decidiu caminha ao longo dele, deixando que o Sol se transformasse num ponto luminoso lá bem no horizonte! Que se transformasse! Que se transformasse em ponto e não em poço! Que se transformasse em ponto a atiinjir... e NUNCA em porto para o nunca mais!
ResponderEliminarBeijinho grande!
Momentos de vida... que são mais fortes que vidro...
ResponderEliminarUm abraço ;)
E nem o vento levou a mancha vermelha...
ResponderEliminarGostei. Um beijo.
Muito obrigado pelo passeio à beira-do-mar...
ResponderEliminarTudo certo... mas olha lá não te constipes!... ;)
ResponderEliminarÁs vezes também não sei para onde ir...e tenho muitas, mas mesmo mitas interrogações...
ResponderEliminarum xi grande
Seria isso, a síntese do existir?
ResponderEliminarOs sulcos profundos deixados na areia, linhas do passado, seriam sígnos da profusão infinita da dualidade que há entre os "sim" e os "não" com os quais nos deparamos a todo instante, dualidade essa que nos constrói?
Feliz postagem essa.
Um abraço.
Adorei este poema!
ResponderEliminarbatista filho
O "tratou cuidadosamente de tudo" é que me deixou preocupado. O resto é muito bonito.
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